quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Relatos de Experiência

Visitando o blog Relatos de Experiências me chamou à atenção a postagem intitulada “Os Nossos Natais”. Nela, percebemos como foi realizada a interação entre escolas do Brasil e de Portugal (envolvendo alunos e professores) em torno de um objetivo comum: divagar acerca do Natal.

Evidências: alunos e professores, portugueses e brasileiros, reuniram-se em torno de um aspecto comum: socializar relatos sobre os usos e costumes natalinos em ambos os países. A socialização ocorreu por meio de contribuições digitais.

Argumentos: o blog foi um grande sucesso. Muitas pessoas fizeram as suas contribuições. Nas postagens há, além dos relatos dos usos e costumes, peculiaridades, muitas ilustrações e fotos.

Saiba mais em: http://docs.google.com/View.aspx?docid=a2c97f77mdh_agqt5bjb2w3q

domingo, 9 de dezembro de 2007

Música e poesia



Relato a seguir, como exemplo de aprendizado, uma atividade simples mas que envolve os conhecimentos adquiridos no curso de extensão em alfabetização, as leituras das interdisciplinas "Música na Escola", "Literatura Infanto Juvenil e Aprendizagem" e "Ludicidade e Educação":
Levei aos meus alunos de primeira série um cd com algumas poesias musicadas de Vinícius de Moraes. Em um primeiro momento eles apenas apreciaram as canções.
Depois, contei a eles um pouco da biografia de Vinícius de Moraes.
Em seguida entreguei a eles uma folha mimeografada onde constava o desenho de uma casa e dentro do mesmo, a transcrição da poesia "A casa". A partir daí, realizamos a leitura e em seguida, cantamos a música. (Como a música já havia sido escutada por todos, não ouve entrave para a participação daqueles que ainda não estavam alfabetizados.)
Solicitei aos alunos que localizassem todas as palavras "casa" que constavam na poesia e as assinalassem. Isto contemplou a percepção visual e o raciocínio lógico-matemático (pois também pedi que contassem quantas vezes a palavra "casa" apareceu ao longo do texto).
Para aqueles alunos que quiseram pintar o desenho da casa, pelo simples prazer de pintar, foi-lhes permitido e um tempo foi reservado a isto.

Alfabetização aos seis anos

No início de novembro conclui o Curso Alfabetização aos Seis Anos, ministrado pela professora Anna Maria Rangel.
Neste curso aprendi muito. Portanto foi bastante válido para o meu crescimento pessoal e profissional!

Poesia na sala de aula

Relato a seguir uma prática de sala de aula, realizada em minha turma de segunda série, e que foi muito bem aceita pelos alunos:
Levei para a sala de aula três livretos da coleção "Literatura em minha casa" - Poesia fora da estante, Poemas do Mar e Gotas de Poesia.
Desses livros, apresentei à turma (com entonação adequada - antes de meu ingresso no Pead eu não tinha este cuidado) as poesias: Corrente de formiguinhas (Henriqueta Lisboa), Baleias (Renata Pallottini), A vaca, Sapo enfeitiçado e O gato e a gota (Elias José). Juntamente às poesias, apresentei as suas respectivas ilustrações. Este foi o primeiro passo.
Em seguida, realizamos o segundo passo. Solicitei aos alunos que escolhessem a poesia de que mais gostaram e que a transpusessem para o papel através de desenho (a base poderia ser as ilustrações apresentadas ou não).
O terceiro passo foi a divisão da turma em grupos. Os grupos se formaram em função da poesia que cada um tinha escolhido para representar individualmente. Portanto, os grupos não tinham o mesmo número de componentes.
Já em grupos, os alunos trocaram idéias acerca da poesia escolhida, colaram suas produções no papel pardo e, sintetizando as idéias individuais, redigiram uma idéia conjunta, que também foi acrescentada no painel.
A última fase foi a apresentação do trabalho construído nos grupos menores para o grande grupo.
Resolvi relatar a atividade supracitada porque, para mim, representou um marco em minha prática pedagógica. Antes disso, eu nunca havia trabalhado com poesia em uma turma de segunda série. E mais, senti-me orgulhosa de ter proporcionado um momento de aprendizado interligado com o lazer para meus alunos. Foi muito gratificante vê-los empenhados na execução da tarefa com um sorriso nos lábios.
Outra coisa, a partir daquele momento, sinto que consegui despertar o interesse pela poesia em meus alunos. O que evidencia isso é o fato de que daquele dia em diante, meus alunos passaram a retirar livros de poesia na biblioteca da escola. Geralmente eles me procuram para mostrar uma poesia que leram e gostaram muito!

sábado, 8 de dezembro de 2007

Kirikú e a Feiticeira


Sinopse

Uma história que celebra a coragem, a curiosidade e a astúcia sobre uma comunidade subjugada por uma terrível feiticeira. Kiriku, um menino que nasceu para lutar e combater o mal, enfrenta o poder da Karabá, a feiticeira maldosa e seus guardiões. Kiriku aprende em sua luta que a origem de tanta maldade é o sofrimento e só a verdade, o amor, a generosidade e a tolerância, aliados à inteligência, são capazes de vencer a dor e as diferenças. Um desenho animado moderno que fala a língua das crianças sem subestimar a inteligência dos adultos.



Durante a "Semana da Consciência Negra" de minha escola realizamos inúmeros trabalhos, dentre os quais destaco um:

Levei o filme Kirikú e a feiticeira para que meus alunos assistissem. Depois disto discutimos o filme. Em seguida, solicitei a eles que reproduzissem, como bem entendessem, o recorte mais legal do filme.

Ofereci para eles vários materiais, tais como: papéis coloridos, tintas, palitos, etc... O resultado obtido foi uma bela exposição de trabalhos.

Consciência negra

No início do mês de novembro participei de uma formação promovida pela SMED de Alvorada: Encontro de Professores – Um olhar reflexivo sobre as práticas anti-racistas no cotidiano escolar.
A formação deu subsídios aos educadores para o desenvolvimento de um trabalho consciente acerca da cultura afro-brasileira em sala de aula.
Neste encontro, além de palestras com autoridades do município, professores e representantes de comunidades diversas foram realizados: desfile de bonecas com trajes afro, apresentação de espetáculo de dança africana e várias oficinas.

Relato de experiência - Concertos Banrisul para a juventude






Influenciadas pelas aulas de Música, eu e outra colega da escola Ana Neri, professora Simone (estudante do Pead Gravataí), resolvemos levar nossas turmas ao Theatro São Pedro para à apreciação do Concerto Banrisul para a Juventude.
Realizamos a inscrição de nossa escola no Projeto, avisamos os alunos, nos preparamos para o grande dia mas ainda havia um probleminha: como transportá-los até o local? Nossa escola não dispunha de dinheiro para alugar um ônibus, os alunos, menos ainda! O que fazer?
Como nossa vontade de apreciar o concerto era enorme e a dos alunos muito mais, fomos de ônibus de linha mesmo!
E o melhor, ainda aproveitamos para dar um passeio pelo centro de Porto Alegre! Deu tudo certo! E os alunos amaram a experiência!
A Orquestra de Câmara Theatro São Pedro é composta por jovens músicos que tocam instrumentos de cordas, como violino, violoncelo, contrabaixo e cravo. O repertório da apresentação incluiu obras de Mozart, Bach, Vivaldi, Villa-Lobos, Chico Buarque e Pixinguinha.




Bienal

No dia 10 de novembro nosso grupo do Pead realizou uma visita à Bienal do Mercosul. Primeiramente realizamos o Roteiro 2 (MARGS – térreo: Mostra Monográfica Francisco Matto e MARGS – 2º andar: Öyvind Fahlström) e, em seguida, o Roteiro 1 (Santander Cultural: Mostra Monográfica Jorge Macchi).
Lá podemos observar muita coisa legal... nossa, como minha visão acerca da arte era fechada!!!

Bem, infelizmente não consegui agendar as minhas turmas de primeira e segunda séries para realizarem semelhante visita. Contudo, isso não me impediu de mostrar aos estudantes um pouco da magia da Bienal: conversei com eles e contei um pouco do que eu havia visto e também aproveitei para mostrar-lhes as fotos que tirei durante a visitação (levei meu notebook para a sala de aula e apresentei as imagens!). Eles ficaram impressionados!

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Pausa para meditação...

Oração do Professor


Obrigado, Senhor, por atribuir-me a missão de ensinar e por fazer de mim um professor no mundo da educação.
Eu te agradeço pelo compromisso de formar tantas pessoas e te ofereço todos os meus dons.
São grandes os desafios de cada dia, mas é gratificante ver os objetivos alcançados, na graça de servir, colaborar e ampliar os horizontes do conhecimento.
Quero celebrar as minhas conquistas exaltando também o sofrimento que me fez crescer e evoluir.
Quero renovar cada dia a coragem de sempre recomeçar.
Senhor! Inspira-me na minha vocação de mestre e comunicador para melhor poder servir.
Abençoa todos os que se empenham neste trabalho iluminando-lhes o caminho .
Obrigado, meu Deus, pelo dom da vida e por fazer de mim um educador hoje e sempre.
Amém!

(autor desconhecido)

Inventário Criativo

PLANEJAMENTO

ATIVIDADE 1: Representação de personagens e objetos com o corpo, sem movimento.

Objetivo: Criar uma cena a partir de recursos corporais.

Estratégia:
Explicação da atividade, pela professora.
Organização da turma em grupos de 4 ou 5 alunos.
Determinação de um espaço para cada grupo.
Indicação oral pela professora dos objetos ou personagens que os grupos deverão construir com o corpo.
Trabalho livre de construção dos objetos indicados (tempo limite: 2 minutos).
Apresentação sucessiva de cada grupo.
Debate, no grande grupo, focalizando:

a) Identificação do objeto.

b) Concentração do grupo.

c) Utilização adequada do espaço.

d) Outras maneiras de representar o mesmo objeto.


ATIVIDADE 2: Representação de objetos com o corpo, em movimento.

Objetivo: Criar uma cena a partir de recursos corporais; desenvolver a imaginação e a espontaneidade.

Estratégia: A mesma da atividade 1, a partir de objetos e/ou personagens que demandem movimentos corporais para sua reprodução.

EXECUÇÃO

Em uma turma de 20 alunos, no período destinado à recreação propus as crianças uma “brincadeira divertida”, 12 crianças aceitaram brincar. As demais preferiram jogar bola.
A atividade foi realizada no pátio cercado da escola.
Expliquei as brincadeiras 1 e 2 ao grande grupo e os alunos dividiram-se livremente em três grupos de 4 componentes. Escolhi um dos grupos para iniciar a atividade. Enquanto este grupo ensaiava a cena solicitada, os demais permaneciam em outro espaço aguardando.
O grupo 1 montou a cena “Circo”, o grupo 2, a cena “Creche” e o grupo 3, a cena “Cozinha”.
Ao se apresentar o grupo montava a cena estática e em seguida, em movimento. Após a montagem das cenas os demais grupos tentavam identificar aquilo que havia sido encenado. (Nenhum dos grupos foi capaz de identificar as cenas construídas.)
Após a desconstrução e revelação da cena do grupo, era realizada a discussão pertinente.
Posteriormente às discussões, os alunos acabavam se dando conta dos episódios que haviam visto e exclamavam coisas do tipo: ah, é mesmo! “Pior!”
Os alunos adoraram participar da “brincadeira” e desde aquele dia sempre pedem: vamos brincar de teatrinho de novo profe?!!


SÍNTESES
Improvisação para o teatro
O texto explica o que é improvisação, mostra a origem da mesma, os seus marcos históricos bem como os elementos auxiliares. Também aponta as principais modalidades de improvisação.
Achei muito interessante a passagem: “o grande desafio do jogo da atuação é conseguir estar no momento presente. Quando falamos em improvisação, estamos pretendendo evocar um duplo procedimento: estar no aqui-agora e, ao mesmo tempo, refazer o processo que nos conduziu a esse momento. Vejamos que paradoxo complicado: estar no presente recuperando o passado.”

Formas de abordagem dramática na escola
O texto divaga sobre as principais formas de abordagem dramática que vêm sendo adotadas no contexto educacional: Play Way, Teatro Criativo, Movimento Criativo, Teatro Escolar, Jogo Dramático e os Jogos Teatrais.
A autora ressalta que o uso de uma determinada forma de abordagem teatral na educação não exclui o uso das demais.

Aula de teatro é teatro?
O artigo discute a questão que dá nome ao mesmo. Após abordar todos os elementos que contribuem para o surgimento do teatro de fato (intencionalidade, texto, personagem e público) a autora conclui que num ambiente de aula de teatro faz-se teatro, pois, verificou-se a existência das quatro condições fundamentais para a promoção do teatro.

Um filme...

Música do Coração

O filme retrata a história de Roberta, uma violinista frustrada que nunca se profissionalizou por ter-se sempre dedicado à família. Contudo, quando Roberta é abandonada pelo marido, sua vida toma novos rumos.
Sozinha com dois filhos pequenos para criar, sem dinheiro e sem perspectivas, Roberta decide procurar emprego. Assim, Roberta é levada a uma escola pública de subúrbio. Lá, Roberta conquista seu primeiro emprego: ela será a professora suplente de música e deverá ensinar violino às crianças.
Diante do novo desafio, Roberta luta para obter sucesso. Porém o início é bastante penoso. A turma não estava nem um pouco interessada em aprender a tocar o instrumento, o centro de interesses era qualquer outro exceto a aula de música.
Roberta era bastante exigente com os alunos, cobrava postura, comprometimento e assiduidade, inclusive agia assim com os responsáveis. Entretanto, certo dia ela foi chamada a comparecer na sala da direção. Uma mãe estava a reclamar dos “abusos” da professora. A partir daquele momento Roberta mudou sua atitude em sala de aula. Todavia, os alunos estranharam o seu comportamento de “professora boazinha” e reclamaram; eles estavam cansados de terem professoras boazinhas. Então Roberta fez um acordo com os alunos: manteria sua postura firme e eles não falariam aos pais.
Foram muitas as dificuldades que Roberta enfrentou ao iniciar sua caminhada desafiadora: alunos indisciplinados, crianças portadoras de necessidades especiais, preconceito em geral, pouco apoio dos familiares dos alunos, alunos que por “n” motivos acabavam se desvirtuando do programa, falta de apoio de alguns colegas de trabalho, etc... Mas Roberta tinha muito jeito para lidar com os alunos: sabia ser amiga e sabia exigir na medida certa, explorando o potencial de cada um de seus alunos.
Porém, apesar dos entraves que cruzavam o seu caminho, Roberta não desistiu e alcançou o sucesso. Afinal, ela acreditava que qualquer criança poderia aprender a tocar violino.
Assim, foram dez anos de projeto; Roberta já trabalhava em três escolas; mais de mil crianças já haviam passado por suas aulas quando um grande problema surgiu. Roberta seria demitida por falta de verbas para a manutenção do projeto.
Mas eis que Roberta mobiliza-se, encontra alguns parceiros inesperados e promove um grande concerto para arrecadação de fundos para a continuidade do projeto. Aliás, por Roberta confiar em seu potencial e em seus alunos o concerto é um verdadeiro sucesso e acaba gerando capital para a manutenção do projeto por três anos.


Refletindo acerca do filme...

A escola retratada no filme é uma escola de subúrbio e está sendo focado o projeto de ensino de violino da professora Roberta às crianças deste estabelecimento.
Para cativar e ensinar seus alunos, Roberta ofereceu a eles algo de que precisavam e não estavam encontrando nos demais professores da escola: firmeza e motivação.
A grande procura pelas aulas, o aumento do número de interessados em participar do projeto (o que levou a prática de sorteio para a seleção de alunos) são indícios de que os alunos estavam aprendendo. E o sucesso de todas as edições dos concertos de fim de ano era a evidência maior do aprendizado de todos os envolvidos.
Os alunos não eram tratados da mesma forma tampouco aprendiam da mesma maneira. A professora respeitava as peculiaridades e o ritmo de cada aprendiz, porém, a exigência final era a mesma para todos.
O filme mostra que as diferenças (em geral) na sala de aula não podem ser empecilhos à aprendizagem, mas que elas devem ser respeitadas.

O processo de ensinar e aprender

Quando o professor ensina não haverá necessariamente o aprendizado por parte do aluno. Pode ocorrer que o professor tenha se utilizado de métodos ineficientes para ensinar um determinado conteúdo, de tal forma que não ficou claro para o aluno o que é dele esperado ou, ainda, pode acontecer de o aluno ter algum tipo de problema que acabará servindo de entrave à aprendizagem (problemas familiares, neurológicos, fome etc).
A aprendizagem se dá em inúmeros espaços não apenas na escola, uma vez que a educação pode ser sistemática ou assistemática. Vejamos alguns exemplos:
A Igreja é um exemplo de espaço onde, de forma não sistemática, ocorre aprendizado (os fiéis aprendem pela palavra do pastor/padre muitas questões relacionadas a valores e a própria religião). Bem como nas aldeias indígenas mais afastadas da cultura branca, como no interior da região Amazônica, o aprendizado é passado pelos mais velhos aos mais jovens, geralmente de forma oral e prática. Nos núcleos de militância social também ocorrem atividades, assistidas por um determinado método ou técnica, que promovem aprendizagem entre os envolvidos.
Um exemplo real de situação de ensino-aprendizagem é: no ano passado, numa segunda série, quando eu trabalhava o grupo de animais vertebrados com as crianças, um dia após eu ter ensinado sobre os anfíbios um aluno levou para sala de aula um girino num vidro de maionese. Este mesmo aluno me mostrou o animalzinho dizendo: - profe, lembrei do que a gente tinha visto na aula ontem quando fui lá no banhado brincar e vi os girinos, daí eu trouxe pra gente estudar!
Quer dizer, o menino associou o que havia visto em sala de aula em materiais expositivos com algo que ele estava vivenciando no momento, o que comprova que houve uma apreensão daquilo que foi ensinado pela professora.
A saber, criamos o girino em sala de aula até que ele se tornou sapo, quando acabou morrendo; desenvolvemos, inclusive, uma planilha de acompanhamento da metamorfose do sapo.
Bem, meu relato foi embasado em leituras que fiz ao longo da vida, enquanto estudante e professora preocupada com a aprendizagem de meus alunos, e também na minha prática cotidiana.

Socializando algumas reflexões...

DESCOBERTAS E REFLEXÕES EM EPPC...
Após leitura dos textos indicados na trilha e reflexão acerca dos mesmos, enfatizo algumas idéias a seguir.
No texto “PROFESSORES COMO INTELECTUAIS TRANSFORMADORES”, de HENRY A. GIROUX destaco: “O futuro professor é visto basicamente como um receptor passivo deste conhecimento profissional e participa muito pouco da determinação do conteúdo e direção de seu programa de preparação”.
Formei-me no curso de Magistério em 1999 e lembro-me muito bem de minhas aulas, principalmente das de didática. Aprendíamos o passo-a-passo de como ensinar. Era uma instrução única e fechada, ou seja, não nos eram ofertadas outras possibilidades; as instruções eram behavioristas e ponto final!
Passado o tempo, eis que descubro em minha prática diária, que as instruções, a receita aprendida, já não surtiam efeito. O que teria eu feito de errado? Levei algum tempo, mas descobri. O meu erro estava em me permitir ser um receptáculo de informações desconexas, em me contentar com pouco, em sanar minha sede de saber com o comodismo e a alienação...
No texto “CONSCIENTIZAÇÃO COM BASE EM PAULO FREIRE”, de Jerônimo Sartori e Elizabeth Diefenthaeler Krahe destaco a seguinte passagem: “Ao analisar as relações professor-aluno, Freire conclui que seu caráter é essencialmente narrativo, visto que o professor desempenha o papel de sujeito narrador e o aluno de objeto paciente, só escuta. Embora bem-intencionada, a ação bancária do professor não consegue imprimir sentido humanista e revolucionário capaz de viabilizar o pensamento crítico e a humanização do homem – educando”.
Lendo essa passagem eu me pergunto: quantas vezes eu não matei a curiosidade de meus alunos com uma educação bancária, aplicada na melhor das intenções? Por muito tempo tive os meus alunos como meros espectadores, como objetos e não como sujeitos agentes. Mas felizmente, aos poucos, fui descobrindo que havia outros caminhos a serem seguidos e que, desenvolver a consciência crítica nos estudantes é de suma importância para que o conhecimento tenha um significado palpável para os mesmos. E, penso que é justamente na significância do saber, que se encontra o combustível essencial para a revolução.

Sobre a música na minha vida...

É incrível a forma como a música nos acompanha ao longo de nossas trajetórias. Seja nos momentos alegres, seja nos momentos tristes ela sempre está lá.
Lembro que quando eu era criança, minha mãe colocava vinis para rodar em nosso “três em um”... Como era bom brincar de boneca ouvindo a Xuxa ou a Mara Maravilha!
Lembro de quando entrei na escola. Eu freqüentava o jardim B quando o grupo Dominó estourou nas paradas de sucesso; eu sabia todas as músicas de “cor e salteado”; lembro de cantá-las com minhas amiguinhas enquanto brincávamos no balanço da escola.
Mais tarde, quando eu já tinha uns 11 anos de idade, descobri a banda Legião Urbana. Nossa, como era maravilhoso cantar Faroeste Caboclo com os colegas e não ser censurada (a música continha alguns palavrões)!
Entrando na adolescência, chega a fase da rebeldia... Dos 14 aos 19 eu só ouvia rock (de todas as vertentes): hard rock, glam, metal melódico, grunge, punk rock etc. Também era muito preconceituosa em relação a outros estilos musicais.
Em minha formatura do magistério entrei com Come As You Are, do Nirvana.
Já mais tarde, por volta dos 22 ou 23 anos, envolvida com um partido político de esquerda descobri a MPB e me apaixonei! De lá pra cá, ouço de tudo; tudo mesmo, sem preconceitos!
Dentro do meu partido mesmo existe um olhar discriminatório (por parte de algumas pessoas) sobre qualquer gênero que não seja MPB. O funk, por exemplo, é visto como um movimento de alienação. Mas eu não concordo com isso. Penso que mesmo com letras agressivas e evasivas ele representa a realidade de uma dada camada da sociedade. E penso também que este tipo de música poderia ser levado para dentro da sala de aula. Por que não incentivar uma discussão sobre a violência contra a mulher a partir de um funk (Dói, um tapinha não dói, só um tapinha...), por exemplo?
Eu, enquanto educadora de séries iniciais, uso bastante a música em sala de aula.
Com a primeira série uso apenas para fins recreativos. Já com a segunda, além de fins recreativos emprego a música para fixação de aprendizado, como com a canção da tabuada, por exemplo.
Eu, sinceramente, penso que a música deveria ganhar um espaço maior nas salas de aula.

domingo, 18 de novembro de 2007

O SUCESSO ESCOLAR ATRAVÉS DA AVALIAÇÃO E DA RECUPERAÇÃO

Esta resenha é fruto de um exercício da cadeira de Didática, do curso de Geografia. Vale a pena ler!


O SUCESSO ESCOLAR ATRAVÉS DA AVALIAÇÃO E DA RECUPERAÇÃO

Em análise à obraO sucesso escolar através da avaliação e da recuperação” a mim pareceu que Maria C. Melchior ao redigi-la se voltou para um público muito distinto, os educadores (em atividade e, em formação). Nesse livro, de fácil e gostosa leitura, são abordados alguns estigmas da educação, contudo e sobretudo, a autora defende vorazmente a possibilidade de sucesso escolar através de uma práxis docente executada com responsabilidade.

O livro é dividido em três capítulos (Fracasso Escolar, Avaliação Escolar e Recuperação da Aprendizagem), os quais se apresentam, por sua vez, em diversos fragmentos, dando vazão aos assuntos atrelados. Assim sendo, verifiquemos:

Sobre o fracasso escolar

A autora faz uso de dados numéricos ao analisar as razões do fracasso escolar no ensino fundamental. E à luz deste enfoque, verifica que ao contrário do que muitos pensavam, os protagonistas da situação não são a reprovação e a evasão concomitantemente. Mas sim, que a repetência é a grande vilã levando a uma média nacional de 11,4 anos para a conclusão do ensino fundamental. Alunos evadidos permanecem em média 6,4 anos no colégio.

Como prováveis causas da evasão, Maria C. Melchior cita: a falta de pré-requisito dos alunos, implicando em desistência por não conseguir acompanhar os demais colegas; os rótulos que se tornaram inerentes ao aluno, como “fraco”, por exemplo; a distância entre o que enfrentam na sociedade e o que a escola propõe e os problemas sociais.

Acerca da reprovação Melchior diz que, há alguns anos, até por volta de 1960, a culpa pelo fracasso escolar do aluno era tão somente dele, mas que com o passar dos anos este painel se modificou e a partir de então, professor e escola passaram a ser questionados e levados em consideração no que diz respeito ao insucesso escolar, juntamente com o perfil sócio-econômico dos educandos.

Ou seja, outrora o poder de julgamento e condenação do professor era inquestionável. Este condenava o aluno ao insucesso e ainda recebia o apoio dos pais, que corroboravam a incapacidade de seus filhos em aprender e progredir, acentuando a culpabilidade nos estudantes.

Melchior é enfática ao dizer que: “ao invés de procurar culpados pelo insucesso escolar é necessário encontrar alternativas que possibilitem a todos os alunos a aquisição de conhecimento e desenvolvimento das habilidades e atitudes desejadas.” E, ainda reforça: “a reprovação na escola deve ser entendida e assumida como exceção e não como regra. A regra é aprender, progredir. A escola existe para que o aluno aprenda e nunca para o fracasso.”

Conforme Melchior, já existem inúmeros estudos que buscam investigar os reais motivos do fracasso escolar, todavia com um outro foco de estudo que não o estudante diretamente, mas sim, enfocando as questões: a escola faz diferença? Que escola está fazendo a diferença?

Com base nesses estudos foram elencados alguns fatores que favorecem o sucesso escolar:

  • Presença de liderança – o líder não deve ser autoritário e dominador, mas “um líder que adeqüe seu estilo de liderança ao grupo, às necessidades do momento e aos objetivos que se propõem, sem deixar de ser carismático, para que a educação aconteça num clima propício ao desenvolvimento de todos os participantes do processo”;
  • Expectativas positivas em relação ao rendimento do aluno – faz-se necessário que o professor demonstre ao estudante que acredita e confia no potencial do mesmo, estimulando-o assim ao progresso;
  • Tipo de organização, clima da escola – o ambiente escolar deve ser estimulante para o educando;
  • Existência ou natureza dos objetivos de aprendizagem – é importante que os estudantes saibam previamente, e com clareza, o que é esperado deles, ou seja, quais são os objetivos que devem alcançar ao longo do período de formação e para quê.
  • Distribuição do tempo – é fundamental uma distribuição coerente do tempo, bem como a diversificação de atividades, para que os educandos mantenham-se motivados em aprender;
  • Estratégias de capacitação de professores – é necessário que o educador busque o aperfeiçoamento constante para que se torne capaz de acompanhar o ritmo evolutivo do ensino e da sociedade em geral;
  • Relacionamento e suporte técnico de instâncias da administração do ensino – apesar de toda a dificuldade imposta pelas condições de trabalho ofertadas pelo governo para a sala de aula, é imprescindível que o professor se esforce ao máximo para dar condições a um bom desenvolvimento de todos os componentes do grupo;
  • Apoio e participação dos pais – é de suma importância a participação dos pais na vida escolar de seus filhos, uma vez que existem vários problemas oriundos da família e que acabam refletindo na aprendizagem dos estudantes. A autora sugere a união do governo, da escola e da família na busca de alternativas para a minimização dos fatores que afetam a aprendizagem;
  • Tipo de acompanhamento e avaliação do aluno – o acompanhamento e a avaliação são fatores decisivos no sucesso escolar dos aprendizes;
  • O papel do profissional da educação – o professor deve se questionar sobre qual o seu verdadeiro papel no processo educativo e assim, buscar o aperfeiçoamento adequado.

Sobre a avaliação escolar

Maria C. Melchior reserva um espaço de destaque em sua obra para a discussão acerca da avaliação escolar, tornando este assunto um aspecto-chave merecedor de um olhar mais atento e crítico.

A autora sugere que a avaliação seja utilizada como um instrumento auxiliar na tomada de decisões dentro do processo de ensino-aprendizagem, contrabalançando os resultados obtidos com aqueles que se quer obter. Dentro desse contexto, Melchior diz que:

“A avaliação deve ser um processo holístico, não fragmentado, contextualizado no processo de ensino e de aprendizagem, de forma democrática, onde todos os elementos envolvidos avaliam e são avaliados, conforme os valores e os pressupostos do projeto pedagógico. (...) O grupo de educadores da instituição deve estabelecer, em conjunto, os critérios básicos da qualidade almejada, partindo da análise da realidade existente, propor os pontos de chegada. São os propósitos que vão orientar as estratégias de ação e a própria avaliação.”

Ao longo do segundo capítulo, a autora toma o cuidado de enfatizar o papel da avaliação no fazer docente, apontando as finalidades da avaliação, sugerindo a aplicação de momentos avaliativos, citando as avaliações participativa e através do diálogo, apresentando algumas técnicas de avaliação e, por fim, divagando sobre o papel do professor no processo avaliativo.

Se nos perguntamos: por que avaliar?

O livro nos diz: para melhorar o processo e o resultado, para auxiliar o aluno a motivar-se para novas aprendizagens, para auxiliar o professor (na compreensão do processo de aprendizagem e na sua auto-avaliação) e para orientar os líderes educacionais.

Sobre os momentos avaliativos, a autora diagnosticou que quando o educador é questionado acerca de quando avaliar, geralmente a resposta é unânime: sempre, constantemente. De posse desta informação, Melchior considera: “Na realidade, o que deve ser feito durante todo o processo, é colher informações sobre os desempenhos, atitudes, habilidades, dificuldades, tentativas de acerto, etc. do aluno, pois, não é possível avaliar em todos os momentos do processo. O acompanhamento deve ser feito durante toda a ação pedagógica com registros das informações obtidas, para num determinado momento analisar e avaliar estes dados”.

Melchior salienta que a avaliação, propriamente dita, não deveria ser produto de um momento (como é considerada por muitos professores), mas sim de um processo onde são levadas em consideração: a avaliação inicial com função de diagnóstico, a avaliação durante o processo ou com função pedagógico-didática e a avaliação final ou com função de controle.

Para concluir a apreciação do capítulo II, destaco aqui uma fala da autora: “a avaliação só tem sentido com a finalidade de diagnosticar o nível de desenvolvimento e os fatores que estão impossibilitando o sucesso para agir sobre eles nas etapas seguintes do processo. A nota é uma conseqüência da avaliação, não a razão de sua existência”.

Sobre a recuperação da aprendizagem

Antes da atual LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96, a recuperação de aprendizagem já estava prevista na Lei 5692/71, podendo ser aplicada de forma preventiva ou terapêutica. Apesar de haver a possibilidade de opção entre as formas de recuperação, foi dada ênfase à recuperação terapêutica por esta ser menos “trabalhosa” para o professor e também por estar prevista no calendário escolar.

Com a implantação da Lei 9394/96 visou-se a redução dos problemas de repetência e evasão escolar. Contudo, junto à nova lei surgiram novos problemas, sobretudo de ordem administrativo-educacional.

Na prática, o professor vinha usando a recuperação como uma arma, um instrumento de coação e punição. Com a atual LDB espera-se do professor a viabilização de uma recuperação onde “o aluno deve sentir-se valorizado, com a auto-estima alta e com muita confiança no sucesso, a partir das novas oportunidades que vai ter para aprender”.

Porém, a falta de preparo dos professores (práticas deficientes de avaliação adotadas pelas escolas; grande variabilidade ou inexistência de objetivos propostos; baixa eficiência da gestão pedagógica; formalismo do ensino de Português, dificultando a competência comunicativa; o insuficiente desenvolvimento de competências intelectivas; precários métodos de construção curricular; a falta de apoio pedagógico e rumos didáticos; o ensino desvinculado da realidade; a incongruência entre o que se ensina e as efetivas necessidades educativas e, a falta de domínio de partes importantes do conteúdo), juntamente com a insegurança dos administradores e os problemas do processo avaliativo resultam em dificuldades na implantação da recuperação preventiva (ou paralela).

Conforme Melchior, a recuperação pode se dar em três níveis: em nível de sala de aula, em nível de escola e em nível de Secretaria de Educação.

Em sala de aula, a recuperação se daria tão logo fosse constatada a dificuldade do educando, através: do atendimento individual do aluno, do trabalho em duplas, da utilização de monitores, da solicitação de tarefas extras e da solicitação do auxílio da família.

Na escola, de maneira extra-classe, com o auxílio de uma estrutura adequada, a recuperação poderia ser realizada: pelo próprio professor ou por outro professor encarregado da recuperação.

Em nível de Secretaria de Educação, Maria C. Melchior propõe o estruturamento de uma sala de estudos capaz de absorver e auxiliar os casos mais difíceis. E ressalta a autora que apenas os casos cuja resolução tornou-se impossível no ambiente escolar serão encaminhados à Secretaria.

Por fim, Melchior chama à atenção ao aspecto afetivo na escola, fechando assim, o último capítulo de sua obra.

domingo, 21 de outubro de 2007

As Meninas - releitura

Em "As Meninas", de Velazques, quando de seu auto-retrato, o que você imagina que ele esteja pintando??
Eu penso que seja o casal real e que este está à frente da cena das meninas, por isso reflete no espelho ao fundo. Veja:



Esta é a minha releitura:






domingo, 30 de setembro de 2007

Abuso Infantil

Nós enquanto educadores/as temos por obrigação abraçar esta luta contra a violência infantil...
Não sejamos covardes! Denunciemos!


Obs.: Este vídeo foi produzido pelo Mandato do companheiro Vereador Renatinho Psol/Niterói.

sábado, 22 de setembro de 2007

Iniciando um novo semestre...

Pois é... mais um semestre se inicia... novas leituras, novas descobertas... e, na medida do possível, novas postagens!

Desejo a todos/as um bom reinício. Que tenhamos um excelente 2007/2!

E... para refletir:

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mário Quintana - Espelho Mágico

domingo, 1 de julho de 2007

Eu recomendo!


Dica de leitura aos blogueiros: A Revolução dos Bichos, de George Orwell.

Já faz alguns anos que li esta maravilhosa obra de Orwell. É um livro pequeno, de fácil leitura e de conteúdo (sempre) atual - apesar de ter sido escrito em 1945.

"Fábula de 1945 na qual o escritor britânico George Orwell condena a traição de Josef Stalin à causa bolchevista. Animais tomam o poder em uma fazenda, e paulatinamente desvirtuam seus propósitos revolucionários." (Fonte: http://www.comunismo.com.br/)

Obs.: O livro está disponível para download no endereço supracitado.

BOA LEITURA!

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Futebol: ópio do povo!


Já dizia o velho chavão: futebol é o ópio do povo!

Tenho consciência de que o futebol é algo alienante; que pode servir de massa de manobra às intervenções políticas de caráter neoliberal; que é um setor que fortalece o capitalismo; etc, etc e etc!

Mas fazer o quê, se a paixão é mais forte que a razão?

SOU COLORADA! SOU CAMPEÃ!

Hoje o "meu" time foi ovacionado pela conquista da Tríplice Coroa. E isto é genial!

Parabéns à nação colorada!
Inter campeão da Libertadores! Campeão do Mundo! E agora, campeão da Recopa!

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Meio Ambiente



Dia 5 de junho foi comemorado o dia do meio ambiente.

Aproveito a passagem desta importante data para manifestar aqui a minha preocupação em relação à iminência de, ao meu ver, uma catástrofe ambiental: a transposição do Velho Chico (como é carinhosamente chamado o Rio São Francisco). Há notícias de que o exército iniciará as obras no próximo dia 25, em Pernanbuco, onde os militares já estão alojados.

O projeto de transposição do Rio São Francisco não é algo novo. Foi cogitado durante a regência de D. Pedro II, em 1943 por Getúlio Vargas, em 1994 por FHC e recentemente pelo presidente Lula.

Este projeto refere-se ao desvio de parte das águas do rio para a região do chamado Polígono da Seca. E está considerando apenas os supostos benefícios sociais e econômicos para aquela região, pouco atendo-se nos impactos ambientais e na alteração da dinâmica territorial que irá causar no país.

EM RESPEITO À NATUREZA. NÃO À TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO!

domingo, 3 de junho de 2007

O que é alfabetização e letramento?

Penso que alfabetização e letramento são coisas distintas.
Alfabetização refere-se à capacidade de ler e escrever, ao passo que letramento está além desta prática.
Um indivíduo letrado é aquele que possui a capacidade de fazer uso social da palavra ou seja, ele sabe ler o mundo. E, para tanto não há a necessidade desse indivíduo ser/estar alfabetizado.
Todavia, um sujeito alfabetizado não é, necessariamente, letrado. Penso que quem aprendeu a ler e a escrever mas não é capaz de utilizar estes mecanismos para interagir cotidianamente em sociedade, não está letrado.
Pensando um pouco, me veio à cabeça a lembrança de uma cena do filme “Central do Brasil”, onde a personagem de Fernanda Montenegro (não me recordo o nome), uma pessoa alfabetizada – e letrada, ganhava dinheiro para escrever cartas para pessoas (analfabetas) que não o sabiam fazer, mas estava óbvio que estas eram letradas, pois ditavam o que queriam comunicar. Esse recorte do filme ilustra bem o tema que estamos discutindo.

* Esta comunicação faz parte da atividade 4 da interdisciplina Fundamentos da Alfabetização.

sábado, 26 de maio de 2007

VOCÊ CONHECE A ESCOLA DA PONTE?


Foi neste semestre mesmo. Para complementar o G1 na cadeira de Ética, no curso de Geografia, me foi solicitado uma comunicação acerca do tema “ética”, voltada à minha área de atuação. Eis que me deparei com um novo problema: sobre o que falar?
Passado algum tempo, lembrei-me de uma entrevista com o educador José Pacheco que eu havia lido há alguns meses na revista Carta na Escola *. Dilema solucionado! Pois foi sobre a Escola da Ponte que falei aos colegas de aula.
Para quem não conhece a Escola da Ponte, ela fica na Vila das Aves, em Portugal, é pública e foi idealizada pelo anarquista José Pacheco. Nela não há currículo fixo, os estudantes escolhem o que querem estudar e, sobre a tutela de um educador, pesquisam o tema por 15 dias; ao término do período é verificado se os objetivos traçados foram alcançados e o trabalho recomeça.
A Ponte representa um novo paradigma e já existe há 30 anos. Todavia, por 10 destes anos ela foi mantida na clandestinidade, ou seja, as práticas lá adotadas eram escondidas do governo do país.
No começo, segundo Pacheco, eram duas escolas, sendo uma clandestina. E lá se forjavam os relatórios que eram enviados ao Ministério da Educação. A escola abrigava os condenados ao insucesso, “era uma miséria da ordem moral”.
Na supracitada entrevista, quando Pacheco é perguntado sobre como a escola tornou-se um modelo, ele diz:

“Digamos que nos faltou ética. Adotamos uma estratégia de resiliência, de dissimulação. Introduzíamos alterações na prática, mas fora elas não existiam. Se perguntassem aos alunos se eles estavam matriculados em determinada série, diziam que sim. Professores e pais eram treinados a mentir (...) Ao fim de 10 anos tínhamos um edifício aberto construído e os pais do nosso lado. Éramos um por todos e todos por um.”

Hoje a Escola da Ponte é uma referência em educação. Pacheco vive em São Paulo e sai semanalmente para visitar escolas brasileiras e, como ele próprio assumiu, está a conspirar!
*Carta na Escola – ed. Nº 13, fevereiro de 2007.

domingo, 15 de abril de 2007

"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Bertold Brecht

sábado, 14 de abril de 2007

Para refletir, de Maiakovski - Geografia e Pedagogia unidas pela poesia!

MINHA UNIVERSIDADE

Conheceis o francês
sabeis dividir,
multiplicar,
declinar com perfeição.
Pois, declinai!
Mas sabeis por acaso
cantar em dueto com os edifícios?
Entendeis por acaso
a linguagem dos bondes?
O pintainho humano
mal abandona a casca
atraca-se aos livros
e as resmas de cadernos.
Eu aprendi o alfabeto nos letreiros
folheando páginas de estanho e ferro.
Os professores tomam a terra
e a descarnam
e a descascam
para afinal ensinar:"Toda ela não passa dum globinho!"
Eu com os costados aprendi geografia.
Os historiadores levantam
a angustiante questão:
- Era ou não roxa a barba de Barba Roxa?
Que me importa!
Não costumo remexer o pó dessas velharias!
Mas das ruas de Moscou
conheço todas as histórias.
Uma vez instruídos,
há os que se propõem a agradar às damas,
fazendo soar no crânio suas poucas idéias,
como pobres moedas numa caixa de pau.
Eu, somente com os edifícios, conversava.
Somente os canos díágua me respondiam.
Os tetos como orelhas espichando
suas lucarnas atentas
aguardavam as palavras
que eu lhes deitaria.
Depois
noite a dentro
uns com os outros
palravam
girando suas línguas de catavento.