sábado, 26 de maio de 2007

VOCÊ CONHECE A ESCOLA DA PONTE?


Foi neste semestre mesmo. Para complementar o G1 na cadeira de Ética, no curso de Geografia, me foi solicitado uma comunicação acerca do tema “ética”, voltada à minha área de atuação. Eis que me deparei com um novo problema: sobre o que falar?
Passado algum tempo, lembrei-me de uma entrevista com o educador José Pacheco que eu havia lido há alguns meses na revista Carta na Escola *. Dilema solucionado! Pois foi sobre a Escola da Ponte que falei aos colegas de aula.
Para quem não conhece a Escola da Ponte, ela fica na Vila das Aves, em Portugal, é pública e foi idealizada pelo anarquista José Pacheco. Nela não há currículo fixo, os estudantes escolhem o que querem estudar e, sobre a tutela de um educador, pesquisam o tema por 15 dias; ao término do período é verificado se os objetivos traçados foram alcançados e o trabalho recomeça.
A Ponte representa um novo paradigma e já existe há 30 anos. Todavia, por 10 destes anos ela foi mantida na clandestinidade, ou seja, as práticas lá adotadas eram escondidas do governo do país.
No começo, segundo Pacheco, eram duas escolas, sendo uma clandestina. E lá se forjavam os relatórios que eram enviados ao Ministério da Educação. A escola abrigava os condenados ao insucesso, “era uma miséria da ordem moral”.
Na supracitada entrevista, quando Pacheco é perguntado sobre como a escola tornou-se um modelo, ele diz:

“Digamos que nos faltou ética. Adotamos uma estratégia de resiliência, de dissimulação. Introduzíamos alterações na prática, mas fora elas não existiam. Se perguntassem aos alunos se eles estavam matriculados em determinada série, diziam que sim. Professores e pais eram treinados a mentir (...) Ao fim de 10 anos tínhamos um edifício aberto construído e os pais do nosso lado. Éramos um por todos e todos por um.”

Hoje a Escola da Ponte é uma referência em educação. Pacheco vive em São Paulo e sai semanalmente para visitar escolas brasileiras e, como ele próprio assumiu, está a conspirar!
*Carta na Escola – ed. Nº 13, fevereiro de 2007.